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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A sétima arte também ensina

Dois filmes recentemente chamaram minha atenção por contemplar em seus roteiros aspectos extremamente profundos a cerca do desenvolvimento humano.
Retiradas e respeitadas todas as sequências de aventura e suas histórias principais, impressionei-me profundamente com os filmes Avatar  e A origem.
Avatar, por tratar indiretamente da força única que nos liga como seres humanos. Da força que o grupo tem e de como ele pode agir sobre os indivíduos que o compõem e de como nós estamos ligados ao meio (a qualquer meio) que nos cerca. Talvez, e essa é apenas uma hipótese, muitas das mazelas humanas que chegam até nós pelos telejornais estejam ocorrendo porque os seres humanos perderam a consciência que, estamos todos ligados de alguma forma: com nós mesmos e com o ambiente ao nosso redor.
Toda e qualquer alteração feita em nós mesmos, altera algo em nosso sistema. Sendo o inverso também verdadeiro: qualquer alteração no meio, também vai alterar algo em nós. Quanto mais sensíveis ou capazes de perceber e promover (quando necessário) essas mudanças, maior e melhor será o nosso processo de desenvolvimento.
O filme A origem me surpreendeu por tratar de como se processa a mudança de crença em um indivíduo. Para você que está disposto a assistir o filme depois da leitura desse artigo, acredite: o que o filme propõe para “plantar” uma ideia na cabeça do indivíduo está absolutamente em conformidade com as técnicas utilizadas em Programação Neurolinguística – PNL, para promover a mudança de crença.
Alterar crenças requer que o indivíduo busque as razões dessa alteração na própria identidade. Requer alinhamento da crença com os comportamentos que dela irão se derivar. O filme leva o indivíduo ao “quarto nível”, exatamente onde as mudanças recebem “autorização” para acontecer.
Daí, talvez você possa compreender porque muitos regimes dão errado, porque muitas relações são terminadas e retomadas , sem obter qualquer evolução, muitas atividades físicas são abandonadas depois de 2 meses, etc.
Para que possamos fazer qualquer alteração em nosso comportamento, essa alteração tem que ser amparada por uma crença e estar alinhada com a nossa identidade. Depois disso, tudo fica extremamente mais fácil.
Ah! Em tempo, você também poderá descobrir que a mudança que você queria, nem era de fato necessária. Fantástico, não??!!!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Alguns aspectos sobre liderança I

Dentre os aspectos do desenvolvimento humano que mais me seduz está a liderança. Trata-se de um assunto que nunca canso de ler ou pesquisar. Primeiro, porque está diretamente ligado ao aspecto de grupos, outro assunto instigante. Segundo porque exige do indivíduo uma apurada percepção de si mesmo e dos outros (já que lideramos grupos).
Ao estudar liderança, não só nos manuais de autoajuda, tão amplamente difundidos hoje em dia, como em suas bases científicas, a partir do estudo dos grupos pautados em Kurt Lewin, Wilfred Bion, e outros, cheguei a conclusão que o maior desafio da liderança é perceber e administrar as movimentações do grupo. Segundo um mestre que tive ao longo do caminho, o grupo será sempre mais forte. O líder existe a partir da permissão do grupo e o grupo só permite o que vem para atender suas necessidades.
Poderá perguntar: então não é o líder que “manda”? Não. Ele nunca manda em nada. É sempre o grupo que está no controle, conduzindo para onde entende que é melhor para si mesmo.
Escuto pessoas ligadas ao esporte repetirem que “o técnico tem o time na mão”. Nada mais equivocado. É o time que tem o técnico na mão. E é por isso, e só por isso, que faz o que o técnico manda. A verdadeira liderança diante de um grupo é quando o grupo percebe que o líder está disposto a fazer o que for necessário para que o grupo siga no comando de qualquer tarefa.
Nesse aspecto, é válido o que é exposto no livro O Monge e o Executivo. O autor defende que um dos princípios da liderança é “serviço e sacrifício”. Assim mesmo, os dois juntos. Entenda a força que isso pode ter quando um grupo percebe que seu líder está disposto a qualquer sacrifício para servi-lo.
Entenda: se há uma tarefa ou um objetivo para o grupo, o papel do líder é fazer mais do que o possível para que o grupo não tenha qualquer tipo de problemas para cumprir a tarefa ou alcançar o objetivo. No momento em que o grupo percebe que algo está impedindo seu funcionamento ele espera que o líder tome as providências necessárias para resolver o problema. Quando isso não ocorre, o grupo busca mecanismos para resolver o problema do seu modo, inclusive sabotando a liderança.
É importante salientar que toda essa movimentação é absolutamente subjetiva. Não há uma reunião ou qualquer tipo de conversação para “tramar” um plano. Nada! Apenas movimento de grupo. Quanto mais habilidade um líder tiver de “ler” o seu grupo, maior será a sua liderança.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A aventura de aprender

Aprender é mesmo uma aventura.
Relendo Piaget e Vigotsky que, para esta humilde pedagoga, se completam em sua forma de ver a aprendizagem, constatei como pode ser extremamente empolgante aprender e como pode ser stressante também... Ou vai me dizer que nunca sentiu raiva daquele professor que não sabia explicar o assunto?
Na verdade, não é que ele não soubesse explicar o assunto. Ele até sabia. O que talvez ele não soubesse, ou não lembrasse (porque a gente aprende na faculdade) era em que fase do desenvolvimento cognitivo você estava. Ou uma coisa que poderia ajudar mais ainda: lembrar que, em todo processo de aprendizagem, todo mesmo, é preciso que haja um “desequilíbrio” (Piaget), um “conflito” (Vigotsky), entre o que sabemos (dominamos de olhos fechados) e o que estamos aprendendo (desconhecemos, nunca vimos). Aquela frustração sentida diante das palavras em grego absoluto que o seu professor falava, nada mais era do que um processo de aprendizado. No entanto, cabia ao educador criar um ambiente que pudesse prepará-lo para a aprendizagem ou trabalhar sua frustração de modo que ela pudesse ser canalizada para o desejo de superar o obstáculo.
E quantos professores tivemos que fizeram isso de uma forma absolutamente fantástica. Com quantos professores você aprendia com uma facilidade imensa? Eles apenas sabiam, de forma concreta ou intuitiva, o que foi exposto acima.
Logo, precisamos entender que o processo de aprendizagem requer algum “sofrimento”. Mesmo que momentâneo, para que possamos nos apropriar de um novo conhecimento, é necessário que haja algum desconforto. Saber como lidar com esse desconforto é o que faz a diferença para quem quer ir mais longe.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Educação a Distância e o paradgima da avaliação


Por certo que a educação à distância veio ampliar de forma extremamente interessante a dimensão do processo ensino aprendizagem. A Educação à Distância - EAD, a partir da utilização dos ambientes virtuais, trouxe vários desafios aos paradigmas da educação. Um deles? O aumento da autonomia do educando e a busca de independência em relação ao antigo detentor de todo o saber: o professor. Outro deles? Qual o papel do professor (tutor) dentro desse novo universo em que é possível desenvolver a aprendizagem. Quais suas funções (técnica)? Como deverá ser sua atuação (didática)? Como se relacionará com o educando (social)?
Há séculos que se cresce com a certeza absoluta que só se aprende com e através do professor.
Paradigma desafiado, é necessário que esse elemento do processo educativo busque seu novo perfil diante da realidade do ambiente de aprendizado virtual e, principalmente, esteja disposto a rever seus próprios paradigmas diante do novo modelo de aprendizagem.
Além da preparação e do desenvolvimento de novas habilidades, é possível oferecer ao tutor possibilidades de crescimento através do processo de feedback que a avaliação do curso fornece. A avaliação pode se configurar como instrumento valioso de aprendizado quando considera os aspectos específicos e inovadores da EAD no ambiente virtual.
Através da apropriação dos elementos levantados pela avaliação, o tutor pode compreender e fortalecer sua prática pedagógica, percebendo-se como elemento importante dentro do processo, no entanto, tendo reservado para si, um novo e desafiante papel frente às específicas características da EAD.
É válido lembrar o pensamento de Vygotsky sobre o desenvolvimento do indivíduo que, segundo ele, se dá a partir da interação com o outro e por este é mediado. Logo, devemos considerar a importância do papel do tutor no processo de aprendizado, apesar da busca pela autonomia defendida pelos princípios da EAD. E, considerando o tutor como o primeiro elemento de um processo de interação no ambiente virtual, a partir da sua apresentação e do seu convite à exploração deste ambiente, torna-se ele, inequivocamente, o responsável pela interação entre os indivíduos envolvidos e, consequentemente, pelas possibilidades de aprendizado que essa interação pode oferecer a cada um.
No ambiente virtual, carente da interação dos sentidos, por sua própria característica, é necessário que se avalie o nível de “conflito” que o educando experimentou durante o processo. Quais os sentimentos experimentados (ou enfrentados?) pelo educando durante o processo de equilibração/reequilibração? A avaliação deve explorar, enfim, a experiência do educando diante da ambiente virtual com tudo que ele ofereceu durante o processo de aprendizagem. Somente assim, será possível perceber um aspecto de extrema importância na experiência do ambiente virtual: a relação que o educando desenvolveu durante o processo com o próprio ambiente e com todos os elementos que ele pôde perceber durante sua interação com o ambiente, mediado pelo tutor.
Dessa forma, mais que instrumentos avaliativos do aspecto pedagógico – conteúdos, materiais, metodologia – ou do aspecto técnico – o ambiente virtual, as ferramentas, o suporte –, é necessário desenvolver instrumentos que possam considerar o aspecto emocional experimentado pelo educando ao longo do processo. Seu grau de frustração ou satisfação diante da nova (nova?) experiência. A exploração dos sentimentos diante dos novos mecanismos de aprendizados oferecidos no ambiente virtual podem fornecer um rico material para desenvolver ambientes de aprendizagem virtual cada vez mais “confortáveis” e menos “estranhos” ao seus usuários.
Esse resultado poderá dar ao pesquisar novas dimensões sobre o aprimoramento do ambiente virtual, bem como da atuação do tutor. Um novo paradigma de aprendizagem requer um novo paradigma de avaliação.