Sei
que eu estou meio atrasada com o assunto mas, ele continua encantador por sua
lição. Outras propostas de artigo acabaram surgindo no meio tempo e este aqui
ficou guardado... Mas, espero que vocês me perdoem...
Recentemente
tivemos, no Brasil, uma das maiores festas do mundo: o Carnaval.
Após
conhecer as campeãs, começaram aquelas entrevistas dissecatórias para explicar
o sucesso alcançado. Sempre que posso, acompanho todo este processo pós
resultado, para ouvir o que as pessoas julgam que contribuiu para a vitória.
O
sucesso me encanta. Gosto dele! Quero sempre estar nele! Logo, quero aprender
com quem tem sucesso.
No
meio de todas aquelas entrevistas, uma delas superou todas as outras. Vou
procurar relatar brevemente a minha experiência.
Carnaval
de São Paulo. Campeã: Mocidade Alegre. Diferencial para alcançar a vitória: a
nota de Mestre Sala e Porta Bandeira.
Todos
os holofotes foram jogados na estreante Porta Bandeira Karina Zamparolli, que
estava há apenas 7 meses na escola, substituindo a Porta Bandeira “titular” que
teve problemas de saúde.
No
meio do afã de consagrar Karina, com mérito e indiscutível, o repórter lançou
sua momentânea atenção para Emerson Ramires, o Mestre Sala.
Emerson Ramires - Mestre Sala da Mocidade Alegre |
Reproduzo
as falas:
Repórter:
“Como foi se adaptar à nova parceira?”
Emerson:
“Não tive que me adaptar. Precise reaprender tudo outra vez”
Exultei
de ouvir aquela frase de um profissional que tem uma vida inteira dedicada a
sua profissão. Na análise de Emerson, a troca de parceira implicava em um novo
aprendizado, uma nova forma de bailar, de se posicionar, de acompanhar, a
construção de uma nova proposta coreográfica que fosse boa para os dois.
E
então? Na sua opinião, o que seria mais fácil? Se adaptar ou reaprender?
Saiba
que, do ponto de vista cognitivo, o maior desafio está em reaprender. Adaptar
pressupõe manter o que se sabe e “adequar” este conhecimento a uma situação.
Reaprender exige a humildade de se esvaziar, de permitir-se começar tudo outra
vez, enfrentar novamente as dificuldades inerentes ao aprendizado... É um
exercício digno de admiração.
São
poucos os profissionais que conheço que estão verdadeiramente dispostos a
reaprender. Escuto muito da “boca para fora”. Mas, quando vão para o exercício
do “reaprender”, o que se vê são posturas defensivas, solidificadas e cheias de
conflitos, consigo mesmos e com os outros.
Admirei
demais o Emerson! Reaprender não é fácil. Não porque aprender seja difícil. Aprender
é encantador, é sedutor, é apaixonante!!!
Mas
reaprender exige, além do encantamento, um desprendimento, uma “desimportância”
(palavra criada recentemente por mim...:) ) e uma humildade que não são muito
comuns neste mundo em que as pessoas estão por demais preocupadas com suas
imagens.
Sempre
que possível, reaprenda! Reaprenda tudo que puder!
Perceberá
como vale a pena... Como é encantador!
Fique bem!!!
P.S. Não há na internet uma foto de Emerson Ramires sozinho! :(