Por certo que a educação à distância veio ampliar de forma extremamente interessante a dimensão do processo ensino aprendizagem. A Educação à Distância - EAD, a partir da utilização dos ambientes virtuais, trouxe vários desafios aos paradigmas da educação. Um deles? O aumento da autonomia do educando e a busca de independência em relação ao antigo detentor de todo o saber: o professor. Outro deles? Qual o papel do professor (tutor) dentro desse novo universo em que é possível desenvolver a aprendizagem. Quais suas funções (técnica)? Como deverá ser sua atuação (didática)? Como se relacionará com o educando (social)?
Há séculos que se cresce com a certeza absoluta que só se aprende com e através do professor.
Paradigma desafiado, é necessário que esse elemento do processo educativo busque seu novo perfil diante da realidade do ambiente de aprendizado virtual e, principalmente, esteja disposto a rever seus próprios paradigmas diante do novo modelo de aprendizagem.
Além da preparação e do desenvolvimento de novas habilidades, é possível oferecer ao tutor possibilidades de crescimento através do processo de feedback que a avaliação do curso fornece. A avaliação pode se configurar como instrumento valioso de aprendizado quando considera os aspectos específicos e inovadores da EAD no ambiente virtual.
Através da apropriação dos elementos levantados pela avaliação, o tutor pode compreender e fortalecer sua prática pedagógica, percebendo-se como elemento importante dentro do processo, no entanto, tendo reservado para si, um novo e desafiante papel frente às específicas características da EAD.
É válido lembrar o pensamento de Vygotsky sobre o desenvolvimento do indivíduo que, segundo ele, se dá a partir da interação com o outro e por este é mediado. Logo, devemos considerar a importância do papel do tutor no processo de aprendizado, apesar da busca pela autonomia defendida pelos princípios da EAD. E, considerando o tutor como o primeiro elemento de um processo de interação no ambiente virtual, a partir da sua apresentação e do seu convite à exploração deste ambiente, torna-se ele, inequivocamente, o responsável pela interação entre os indivíduos envolvidos e, consequentemente, pelas possibilidades de aprendizado que essa interação pode oferecer a cada um.
No ambiente virtual, carente da interação dos sentidos, por sua própria característica, é necessário que se avalie o nível de “conflito” que o educando experimentou durante o processo. Quais os sentimentos experimentados (ou enfrentados?) pelo educando durante o processo de equilibração/reequilibração? A avaliação deve explorar, enfim, a experiência do educando diante da ambiente virtual com tudo que ele ofereceu durante o processo de aprendizagem. Somente assim, será possível perceber um aspecto de extrema importância na experiência do ambiente virtual: a relação que o educando desenvolveu durante o processo com o próprio ambiente e com todos os elementos que ele pôde perceber durante sua interação com o ambiente, mediado pelo tutor.
Dessa forma, mais que instrumentos avaliativos do aspecto pedagógico – conteúdos, materiais, metodologia – ou do aspecto técnico – o ambiente virtual, as ferramentas, o suporte –, é necessário desenvolver instrumentos que possam considerar o aspecto emocional experimentado pelo educando ao longo do processo. Seu grau de frustração ou satisfação diante da nova (nova?) experiência. A exploração dos sentimentos diante dos novos mecanismos de aprendizados oferecidos no ambiente virtual podem fornecer um rico material para desenvolver ambientes de aprendizagem virtual cada vez mais “confortáveis” e menos “estranhos” ao seus usuários.
Esse resultado poderá dar ao pesquisar novas dimensões sobre o aprimoramento do ambiente virtual, bem como da atuação do tutor. Um novo paradigma de aprendizagem requer um novo paradigma de avaliação.
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