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quinta-feira, 24 de março de 2011

O uso de dinâmicas de grupo II

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A aplicação de uma dinâmica requer estudo e elaboração consciente sobre os objetivos possíveis de serem alcançados no contexto do grupo.
É importante considerar que o grupo sempre seguirá o caminho que deseja e, neste intuito, poderá até mesmo, “sabotar” o melhor dos planejamentos.
Relembrando o artigo anterior, apenas duas coisas são passíveis de ser controladas em se tratando de grupos: o tempo (duração do trabalho) e o espaço (local, ambiente destinado ao uso).
É válido ressaltar que o termo “dinâmica de grupo” está inserido dentro da proposta de aplicação da Andragogia (educação de adultos) e não será adequado aplicar dinâmicas com foco em aprendizado para crianças. O adulto já possui estruturas cognitivas amadurecidas para analisar seu próprio comportamento, enquanto a criança ainda está em fase de formação de seus valores, buscando no adulto a referência para seu comportamento (aprovação/reprovação).
Logo, a atividade lúdica para desenvolvimento de comportamentos socialmente aceitos não deve ser confundida com a dinâmica estruturada para análise do funcionamento individual e em equipe. Cada uma delas terá uma formatação diferente da outra a começar pelo público a que se destina. Enquanto a criança espera do adulto a orientação para o que deve ou não fazer, adultos são autodirigidos e motivam-se a partir da própria experiência.
Ao aplicar uma dinâmica ao adulto é necessário oferecer a ele a oportunidade de aprender sobre seu funcionamento naquele contexto e como pode aplicar este aprendizado na sua vida cotidiana. Kurt Lewin desenvolveu o seguinte esquema para essa premissa:

1º) Experiência concreta: a vivência da dinâmica em si
2º) Observações e reflexões: momento em que o grupo conversa sobre como viram seu funcionamento durante a dinâmica. Neste momento, as percepções são individuais, com opiniões ainda permeadas pelas emoções vividas durante a aplicação da dinâmica. Este momento é riquíssimo para quem conduz a dinâmica pois, montará seus questionamentos gerais a partir dessas percepções. Caso necessário, pode-se fazer perguntas sobre momentos específicos.
3º) Formação de conceitos e generalizações por abstração: neste momento, quem conduziu a dinâmica lançará questionamentos gerais (sem mencionar fatos específicos) a partir do que observou do funcionamento do grupo. É uma forma de acessar o subjetivo do grupo, o funcionamento do “eu cego” (conceito da Janela de Johari) do indivíduo. As perguntas precisam ser gerais, com linguagem inespecífica e que não conduzam a respostas definitivas como “sim” e “não”. (Ex.: Como as regras foram aplicadas durante a atividade? Como o material disponibilizado foi utilizado? Quais fatores dificultaram/facilitaram a execução da atividade.
4º) Aplicação do conceito em novas situações: é o momento em que o aprendizado adquirido durante a dinâmica será levado à vida cotidiana do participante. Neste momento, perguntas diretas podem ser feitas: o que experimentou aqui acontece na vida cotidiana? O que aprendeu aqui que pode ajudá-lo a melhorar sua vida diária?
Este é o ciclo que se deve percorrer a fim de propiciar ao adulto a plena experimentação durante uma dinâmica.
E, definitivamente, nunca refira-se à dinâmica como brincadeira. Não há nada mais sério do que a aplicação de uma dinâmica.

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