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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Desistir também é opção...


Conheço inúmeras pessoas em cujos olhos vejo a força de um guerreiro. Percebo na fisiologia dessas pessoas: cabeça erguida, peito estufado, respiração firme... Sinto sua energia: equilibrada, do bem... Sinto-me feliz por elas, torço pelo seu sucesso. É bom observá-las.
No entanto, ELAS não se percebem assim... Não tem consciência de sua força, de seu potencial. Foram vítimas de uma criação e de uma educação que enaltece uma pseudo-humildade traduzida na mal interpretada e mal contextualizada frase “só os humildes herdarão o reino dos céus”.
O autor desta frase era bom, inteligente, descente. Também falava muito bem, estudava muito, observava as pessoas, comunicava-se com perfeição porque escolhia o canal mais fácil para chegar até o seu interlocutor. Por suas múltiplas qualidades, acho pouco provável que ele pretendia com seus ensinamentos, limitar as pessoas a serem tudo que poderiam ser.
Por que estou escrevendo isso?
Tenho um conhecido querido que sempre refere-se a si mesmo como “nós”. E que fala dos seus feitos e de suas capacidades quase que como pedindo desculpas. E pergunto-me, em minhas reminiscências, onde, na história da humanidade, começamos a ensinar a nossos filhos, nossas crianças que há um limite para que eles cresçam? Lembro que cresci ouvindo que nunca faria uma faculdade porque era pobre. Que deveria fazer um concurso público para ter futuro (como único futuro).
Eu ouvi mas não segui. Conheço quem ouviu, absorveu e executou. E aos poucos, se acomodou na profecia e perdeu o brilho que descrevi no início deste artigo.
E são felizes!!! Sim, são felizes. Porque só na minha cabeça essa percepção existe. Na cabeça delas tudo está muito bem, obrigada! Mas podiam mais. Podiam tudo. Mas não foram ensinados a isso. Não receberam uma educação que lhes fizesse levantar a cabeça e olhar sobre o muro. Não foram instigados e desafiados a superar suas médias escolares, superar seus pares, superar a si mesmos. Deram-lhe uma “média” para alcançar e a alcançando, estariam “passados”. Não reuniram os recursos necessários para voar mais alto. Não levantaram a cabeça para avistar o horizonte, não negaram a profecia, não se desviaram do caminho traçado por outros. Já assistiu ao filme Bee Movie??? Ou ao filme Coração de Cavaleiro? São filmes que falam sobre isso. Sobre querer mais, transpor as fronteiras, agir sobre o próprio destino (não gosto dessa palavra!!), desafiar a posição separada para nós no meio em que vivemos. Dê uma olhada! Vai valer a pena para que você possa amadurecer o que digo aqui.
Escrevo isso porque estou observando um grupo e ajudando-os informalmente. Estou deveras encantada com a união de suas forças e energia. Fortaleço-me da força deles. Enterneço-me em observá-los funcionado e vê-los tão fortes, tão grandes e, ao mesmo tempo, tão inconscientes de tudo isso.
Já sei!!! Você dirá que meu trabalho é levá-los à consciência de tudo isso.... Não! Meu trabalho é ajudá-los a buscar e encontrar a melhor forma de serem felizes. Mesmo que isso implique em jamais perceberem quão grandes eles são!!! Desde que sejam felizes!!! Entende como isso é poderoso?

terça-feira, 24 de maio de 2011

Enfim, a Janela de Johari

É fato que o desenvolvimento profissional de quem quer se diferenciar no mercado está diretamente ligado ao nível de autoconhecimento que este profissional tem sobre si mesmo. O nome da ferramenta utilizada para promover autoconhecimento é feedback.
Entende-se por feedback o retorno que recebemos de outra pessoa sobre como ela percebe o nosso comportamento. Ou seja, é a percepção do outro, baseada nos filtros que ele possui para apreender o ambiente ao seu redor. Aprenda a primeira lição: você nada pode fazer a respeito, apenas pensar sobre o que ouvi e usar sua sabedoria interior para decidir o que fazer com a informação recebida.
Existe uma parte de nós, do nosso comportamento, que não temos clareza de como ele irá impactar nos outros. A única forma de saber se estamos agindo em acordo com o ambiente em que estamos inseridos e ouvindo a opinião do outro sobre o que estamos fazendo. Isso é feedback. Logo, a boa comunicação entre as pessoas pode ser entendida como sinônimo de dar e receber feedback.
Na década de 50, dois psicólogos americanos (sempre eles!!!), chamados Joseph Luft e Harry Ingham (daí o nome da Janela = Jo+Hari), elaboraram o que ficou conhecido como Janela de Johari.
A Janela de Johari é uma representação de como se dá nossa interação com os outros, seja no ambiente pessoal seja profissional:

Conceitualmente, a janela pode ser assim apresentada:
Eu aberto: corresponde aos comportamentos que temos consciência, sabemos e agimos sobre eles – é conhecido por mim e pelos outros
Eu cego: corresponde aos comportamentos percebidos pelos outros mas, que não são percebidos por nós – é quando temos uma intenção com um comportamento e o outro acaba interpretando de outra forma. Significa que nossa comunicação foi ruim e precisamos da ajuda do outro para melhorá-la (o tal feedback, lembra?)
Eu secreto: são nossos segredos, desejos e pensamentos mais guardados. Às vezes, só aquele melhor-melhor amigo sabe, outras vezes ninguém sabe.
Eu desconhecido: é uma parte de nós que fica no submundo da nossa consciência. Você já deve ter ouvido alguém dizer algo assim: “nunca imaginei que ele fosse capaz de fazer isso”. Pois é! Nem ele. É o desconhecido se manifestando. Gosto de dizer que o “eu desconhecido” é o Hulk, lembra? Aquele cientista pacato, tranquilo, que de repente se transforma num monstro descontrolado? O “eu desconhecido” é nosso lado obscuro, inesperado.
O objetivo da Janela é se movimentar na direção da ampliação do “eu aberto" e diminuição do "eu cego”. Quanto maior for o “eu aberto”, melhor será sua convivência com as pessoas. Isso ocorre porque ampliando o “eu cego” você refina sua comunicação e se torna mais aberto ao diálogo e ao exercício de auto avaliar-se e promover as mudanças necessárias no seu comportamento, a fim de facilitar a convivência. Agora, imagine se tivermos em um ambiente todas as pessoas agindo para melhorar a sua comunicação com os outros e agindo para facilitar a convivência?
É isso que a ferramenta feedback faz: melhora a comunicação entre as pessoas.
Este deveria ser um investimento constante de empresas, escolas, famílias...
Melhorar a comunicação nunca será um prejuízo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nos palcos da vida...

O quanto podemos ser de nós mesmos nos diversos papéis que representamos na vida?
Jacob Levy Moreno, o criador do Psicodrama, defendeu que em cada espaço em que nos inserimos, estamos representando um papel. Via de regra, esse papel está carregado do que o ambiente e as pessoas inseridas nele esperam de nós. Também faz parte desse papel, os nossos desejos e aspirações. Às vezes, nossos desejos e aspirações podem se chocar com as expectativas dos outros em relação a nós. Mas, na maioria dos casos vivemos e nos deleitamos com cada papel, mesmo que sofrido. Em cada espaço de convivência representamos o papel que o ambiente exige.
A partir daí fica fácil deduzir duas coisas. A primeira: quando não representamos nosso papel a contento, recebemos do ambiente em que estamos inseridos "uma dura". Isso se traduz em cobranças de pessoas próximas, nosso desconforto no ambiente, que se torna pouco amistoso...
A segunda: quando achamos que não estamos ocupando o espaço digno de nosso papel, nós buscamos outro espaço para exercê-lo. Isso se traduz nas traições, na busca de aventuras "radicais", nos desafios aos padrões...
O que fazer para não sermos vítimas de nosso próprio script?
A maneira mais simples e prática é exercitar o auto conhecimento. Conhecer nossas possibilidades e limitações. Entender a nós mesmos facilita entender o "cenário" e definir quais as possibilidades e limitações do papel naquele momento.
E como entender a nós mesmos?
Ah! Isso exige tempo, dedicação e muita disposição para ouvir o que os outros tem a dizer a cerca do nosso comportamento.
Afinal, a única forma de ampliar nossa "zona de cegueira" a cerca do nosso comportamento, é ouvindo pessoas que confiamos sobre como elas percebem nosso comportamento. A percepção que o outro nos traz é de suma importância para o processo de autoconhecimento. Invista nisso: escute as pessoas que confia. Ouça e pondere sobre o que elas dizem. Mesmo que conflitue com suas convicções. Elas querem o melhor para você. Permita-se viver plenamente o seu papel neste mundo.
E cá estamos dependendo da Janela de Johari novamente... Já prometi esse artigo. Sinto que está na hora de cumprir a promessa...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A lição do espelho

As pessoas sempre serão aquilo que elas podem ser, nunca o que nós queremos que elas sejam. Se muito, o que você pode fazer é fornecer feedback genuíno para que ela analise e decida se vale a pena alguma alteração de comportamento.
No trabalho, convivemos com diversos tipos de pessoas, com aquelas com quem o "nosso santo não bate" e/ou com aquelas que têm péssimos hábitos. O que fazer quando temos que conviver, no local de trabalho, com pessoas que, comprovadamente, contribuem com fofoca, calúnia ou qualquer outro comportamento que leve a prejudicar os outros colegas de trabalho?
Bom, se precisa do trabalho e não tem melhores opções, comece respirando três vezes para oxigenar o cérebro. Ajuda também lembrar que, se aquela pessoa tivesse melhores recursos internos, ela agiria de forma diferente. Logo, é importante compreender que o comportamento dela é fruto da própria limitação. E, ter maldade no coração também é limitação.
Se for possível, chame-a para uma conversa franca e particular (muito importante ser particular) e diga-lhe como se sente em relação ao comportamento dela. Seja específico. Palavras como "sempre", "toda vez", todo dia", "nunca" devem ser evitadas.
Se não for possível a conversa, estabeleça uma distância respeitosa da pessoa, deixando as relações em um patamar estritamente profissional. Se não puder deixar isso claro com palavras, deixe claro com sua postura.
E nunca, nunca mesmo, fale dela ou sobre ela em qualquer situação.
O procedimento acima aplica-se em casos comprovados de comportamento prejudicial a outro. Nos casos em que apenas e tão somente seu "santo não bateu" com o do outro, o procedimento é outro.
Para esses casos em que você não gostou do outro só porque ele existe, recomendo que aprenda a lição do espelho.
Quando vemos o outro estamos olhando no espelho: o que vemos de bom no outro é o que há de bom em nós mesmos. O que há de ruim nele é o que não gostamos em nós ou o que gostaríamos de ter mas ainda não temos. Afinal, só é possível “reconhecer” (no outro) aquilo que conhecemos bem...
Duvida???? Sem problemas. Pensei assim mesmo quando aprendi esta lição. Passado o desdém e a raiva de quem me disse isso, resolvi analisar meus sentimentos e percebi, com muita tristeza, a veracidade de tal lição.
É caríssimo (a), "o inferno são os outros"(Sartre)???? Não. O inferno somos nós mesmos.
Medir os outros com a nossa medida nunca será justo. Assim como, talvez, você não goste de ser medido pela medida alheia. Você não sabe o que o outro passa ou passou ao longo da vida. E a recíproca é verdadeira. Cada ser é um mundo imenso de possibilidades e limitações, inclusive, nós mesmos. Pense nisso!!!