Trabalhar com grupos tornou-se uma paixão na minha vida desde que concluí a formação em Dinâmica dos Grupos pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos. Aqui, cabe um esclarecimento: é dinâmica DOS grupos, e não, dinâmica DE grupos.
A dinâmica de grupo é uma estratégia, um meio, um instrumento, aplicado e utilizado para dar aos participantes uma oportunidade de perceber comportamentos, dentro de um determinado contexto (dado pela dinâmica). Tem tempo, objetivo, regras e metodologia correta para sua aplicação.
A dinâmica dos grupos é o estudo sobre o funcionamento e movimentação do grupo. É refinar a percepção para perceber movimentos e conceber hipóteses que possam ajudar o grupo a entender e aproveitar de modo mais eficiente suas potencialidades em função do objetivo que os une.
Em ambos os casos, recomendo que aqueles que pretendem enveredar por este universo, façam cursos preparatórios, leiam, se informem, se exercitem.
Tenho minha leitura e minha prática, no que diz respeito à dinâmica dos grupos, orientadas pelo trabalho de Kurt Lewin. De todos os teóricos que estudei, Lewin me encantou e me seduziu de tal forma que, mesmo tendo lido muito sobre suas teorias (ele escreveu pouco, seus seguidores é que escreveram sobre suas teorias), ainda me impressiono a cada nova leitura. E por culpa de Mauro, meu mestre, virei rato de sebo apenas para poder ler as publicações originais a cerca das teorias desenvolvidas por Kurt Lewin.
Os grupos têm movimentos próprios, fazem suas próprias regras subjetivas (as objetivas são fáceis de perceber), elege como líder aquele que melhor servirá a seus propósitos (propósitos do grupo, ressalte-se!) e tem dentro de si a solução para seus próprios problemas ou a força necessária para gerar as soluções.
Entenda que movimento subjetivo de grupo são as movimentações não verbalizadas, não acordadas pelos membros. Não pense que houve uma reunião onde se acordou uma ação ou omissão. E mesmo se houvesse tal reunião, haveria ali, além do assunto exposto, muitas outras questões subjetivas sendo resolvidas ou iniciadas. É fantástico!!!
O que cabe então ao profissional que trabalha com grupos? Reunir conhecimentos sobre o funcionamento de grupos e exercitar sua sensibilidade para observar tal funcionamento e propor as melhores hipóteses para que o grupo possa trabalhar.
Notou a palavra hipótese? Pois é! Você terá que abrir mão da sua necessidade de CONTROLE sobre o grupo. Isso não existe em grupos, não no que concerne ao seu papel como prestador de serviços ao grupo. Entenda: o grupo funcionará independente de você, a favor de você ou, até mesmo contra você. Mas funcionará SOZINHO. Meu mestre Mauro dizia uma frase perturbadora: “o grupo pode, também, ser cruel”.
Trabalhar com grupos exige que você exercite posições perceptivas (cibernética de primeira e de segunda ordem – Teoria Sistêmica, não PNL), exige que você não tenha respostas (o grupo as têm) e que você saiba que O MÁXIMO que pode fazer é FACILITAR ao grupo formas para que ele gere tais soluções.
Compreendendo o funcionamento do grupo, poderá ter melhores condições de oferecer instrumentos que possam ser úteis dentro de um determinado contexto (do grupo) e possa contribuir para, de fato, ajudar (o grupo).
E o papel do líder? poderá perguntar... Ah! O papel do líder é e-xa-ta-men-te este: facilitar o funcionamento do grupo. E você já viu inúmeras vezes na sua vida, o que acontece quando o líder não cumpre este papel, não é mesmo? O grupo acaba colocando o tal líder no seu “devido” lugar...
P.S. recomendo a leitura do tema sobre Liderança, postado neste blog nos meses de janeiro e abril