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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Sobre ser feliz o tempo todo...




Desculpe você aí que tem absoluta certeza do que é e fica cantando aos quatro ventos seu verdadeiro EU. Você que já chegou ao ápice da máxima socrática do “Conhece-te a ti mesmo”.
Este texto não é para você! Até logo...
No entanto, você que continua esta leitura e que se vê conscientemente na busca incessante de conhecer-se, saber suas possibilidades e seus limites, que tem certezas e muitas incertezas, que se olha no espelho e vê um ser forte, capaz, vencedor mas, que no dia seguinte vê um serzinho feio, de cabelo esquisito, incapaz, fraco e fadado ao fracasso... Para você uma excelente notícia: você é um ser perfeitamente normal!!!
Que bom que você está ainda aqui, lendo...
Nossa instabilidade na percepção que temos de nós mesmo não é sinal ou sintoma de fraqueza. Antes de mais nada, pressupõe que você está extremamente atento ao seu funcionamento e pode perceber quando se aproxima do abismo a tempo de retornar. Ainda, que, consciente de que tem fraquezas e as conhecendo bem, pode agir sobre elas e, pelo menos, minimizá-las.
Somos fruto de uma sociedade marqueteira... É! Criei essa perspectiva: marqueteira porque vende a ideia que devemos sempre estar preparados para gravar um comercial de refrigerante ou de creme dental (olha que me deu vontade de escrever “pasta de dente”!)... A cobrança incessante de sempre parecer estar no podium da motivação levou a um modismo das tais palestras motivacionais, cujo único ganho é dar alguns minutos de muito riso e pouca bagagem cognitiva para fortalecer comportamentos.
Também criou uma ojeriza geral pelos livros de auto ajuda. Todos esquecendo que o nome do segmento é auto explicativo: auto ajuda ---> só VOCÊ pode se ajudar, o livro só lhe dará elementos para... as decisões são por sua conta. O livro levanta questões que podem ou não servir para o seu contexto aqui e agora, poderá não fazer sentido hoje, portanto, não os leia por modismo, apenas por necessitar de alguma luz sobre determinado tema.
Saiba que, metade do que pensa sobre motivação pode ser bastante melhorado se você não fosse tão pressionado a sempre “estar de bem com a vida”, estar “sempre sorrindo”. Fique calmo! Você tem o direito de estar de mau humor (não todo dia!). Tem o direito de se sentir meio feinho (não todo dia!). Tem o direito de sentir o peso do mundo em suas costas (não todo dia!).
E tem o direito de levar a vida do seu jeito, desde que consiga ser feliz com isso. Inclusive com os feedbacks que receber por causa disso.
E correndo o risco de me tornar repetitiva, porque já escrevi isso aqui, lhe digo com todo o carinho:
A felicidade não é um estado, é uma decisão. A felicidade NUNCA pode ser o destino, precisa ser o CAMINHO.
Fique bem!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A dinâmica dos grupos nas redes sociais – twitter

Artigo inspirado em uma proveitosa conversa com @marceufarias



Os primeiros estudos estruturados sobre a dinâmica dos grupos foram realizados por Kurt Lewin no período de 1945 a 1947, quando funda, a pedido do MIT (Massachussets Institute of Technology), um centro de estudos sobre a dinâmica dos grupos.
As premissas e hipóteses levantadas por Kurt Lewin, nos estudos que encaminhou no MIT, são extremamente valiosas e podem contribuir imensamente para a prática dos profissionais que trabalham com grupos.
Já mencionei em artigos anteriores aqui no Blog que oriento meu trabalho com grupos com base nas proposições de Lewin. O trabalho de Lewin é apaixonante! Vale a pena dedicar-se à leitura dos poucos textos que ele deixou escritos de próprio punho. Pois é! Lewin escreveu pouco. Seus discípulos escreveram mais sobre suas proposições. Leia estes também!
Mas, vamos ao assunto que interessa! Não escrevo este Blog com nenhuma pretensão à verdade ou mesmo com alguma responsabilidade acadêmica. Escrevo sobre as coisas que penso que sei (Sócrates, essa benção!) e sobre as observações que faço nas interações com os grupos que convivo.
“Para Lewin, os fenômenos de grupo não revelam as leis internas de sua dinâmica senão aos pesquisadores dispostos a se engajar pessoalmente a fundo, neste dinamismo (...)” (MAILHIOT: 1973)
Poderá se perguntar o que Lewin pode ter de diferente dos outros pesquisadores da vida do homem em grupo. Enquanto aqueles focaram seus estudos em conceber como se dava o processo de socialização do ser humano, Lewin manteve seu interesse focado para as atitudes coletivas. Ou seja, quais comportamentos, ou movimentos, se repetem nos contextos de grupos. Que forças agem sobre o indivíduo quando este está inserido nos grupos?
Uma movimentação recente de grupos muito interessante, e que vale uma tentativa de aplicação da teoria de Lewin, são as redes sociais. Limito-me aqui a falar apenas do twitter, neste momento, porque foi o único segmento que me dispus a “engajar pessoalmente a fundo”.
Não são poucas às vezes que entro na rede apenas para observar. Também, é muito interessante “seguir” um conjunto de pessoas que “se seguem” (perdoem a redundância necessária) e observar como se dá as relações neste contexto.
“Toda dinâmica de grupo é a resultante de um conjunto de interações no interior de uma espaço psico-social. Estas interações poderão ser tensões, conflitos, repulsas, atrações, trocas, comunicação ou ainda pressões e coerções.” (MAILHIOT: 1973)
Qualquer semelhança com a Time Line em seu Twitter não é mera coincidência. Pelo que venho observando nos últimos tempos, as redes sociais, o twitter em especial, reproduzem, no mundo virtual, o funcionamento dos grupos no mundo real.
A escolha de quem seguir, os unfollows e blocks da vida, os afetos e desafetos demonstrados tão fortemente nas “indiretas”, são possíveis comprovações que, mesmo no plano virtual, o comportamento humano em grupo, carrega as mesmas movimentações que no plano real.
A medida que lê este texto, liberte sua mente para testar as hipóteses e ver as possibilidades da metáfora construída aqui.
Quando observo o twitter, parto do pressuposto que aquele espaço, pode sim, ser definido como um “campo social” (conceito de Lewin) e nele busco ligações com as proposições de Lewin. Analiso como as pessoas se relacionam, formam sub-grupos, criam afetos e admiração, criam inimizades e geram discórdia, falam a verdade conforme sua própria percepção (e quem não o faz?), tem falhas de comunicação, muitas delas sem tempo para correção... Um infinito universo de convivência humana em 140 caracteres.
Onde nos levará tudo isso???
A uma melhor compreensão das pessoas, dos grupos – Esta é a parte espiritual da coisa.
Esta compreensão pode ajudar profissionais que trabalham com grupos a se tornarem mais aptos e competentes na condução de grupos – Esta é a parte material da coisa.
Continuo estudando e observando.... E claro, participando!

MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos: atualidades das descobertas de Kurt. Lewin. 2. ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1973