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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A dinâmica dos grupos nas redes sociais – twitter

Artigo inspirado em uma proveitosa conversa com @marceufarias



Os primeiros estudos estruturados sobre a dinâmica dos grupos foram realizados por Kurt Lewin no período de 1945 a 1947, quando funda, a pedido do MIT (Massachussets Institute of Technology), um centro de estudos sobre a dinâmica dos grupos.
As premissas e hipóteses levantadas por Kurt Lewin, nos estudos que encaminhou no MIT, são extremamente valiosas e podem contribuir imensamente para a prática dos profissionais que trabalham com grupos.
Já mencionei em artigos anteriores aqui no Blog que oriento meu trabalho com grupos com base nas proposições de Lewin. O trabalho de Lewin é apaixonante! Vale a pena dedicar-se à leitura dos poucos textos que ele deixou escritos de próprio punho. Pois é! Lewin escreveu pouco. Seus discípulos escreveram mais sobre suas proposições. Leia estes também!
Mas, vamos ao assunto que interessa! Não escrevo este Blog com nenhuma pretensão à verdade ou mesmo com alguma responsabilidade acadêmica. Escrevo sobre as coisas que penso que sei (Sócrates, essa benção!) e sobre as observações que faço nas interações com os grupos que convivo.
“Para Lewin, os fenômenos de grupo não revelam as leis internas de sua dinâmica senão aos pesquisadores dispostos a se engajar pessoalmente a fundo, neste dinamismo (...)” (MAILHIOT: 1973)
Poderá se perguntar o que Lewin pode ter de diferente dos outros pesquisadores da vida do homem em grupo. Enquanto aqueles focaram seus estudos em conceber como se dava o processo de socialização do ser humano, Lewin manteve seu interesse focado para as atitudes coletivas. Ou seja, quais comportamentos, ou movimentos, se repetem nos contextos de grupos. Que forças agem sobre o indivíduo quando este está inserido nos grupos?
Uma movimentação recente de grupos muito interessante, e que vale uma tentativa de aplicação da teoria de Lewin, são as redes sociais. Limito-me aqui a falar apenas do twitter, neste momento, porque foi o único segmento que me dispus a “engajar pessoalmente a fundo”.
Não são poucas às vezes que entro na rede apenas para observar. Também, é muito interessante “seguir” um conjunto de pessoas que “se seguem” (perdoem a redundância necessária) e observar como se dá as relações neste contexto.
“Toda dinâmica de grupo é a resultante de um conjunto de interações no interior de uma espaço psico-social. Estas interações poderão ser tensões, conflitos, repulsas, atrações, trocas, comunicação ou ainda pressões e coerções.” (MAILHIOT: 1973)
Qualquer semelhança com a Time Line em seu Twitter não é mera coincidência. Pelo que venho observando nos últimos tempos, as redes sociais, o twitter em especial, reproduzem, no mundo virtual, o funcionamento dos grupos no mundo real.
A escolha de quem seguir, os unfollows e blocks da vida, os afetos e desafetos demonstrados tão fortemente nas “indiretas”, são possíveis comprovações que, mesmo no plano virtual, o comportamento humano em grupo, carrega as mesmas movimentações que no plano real.
A medida que lê este texto, liberte sua mente para testar as hipóteses e ver as possibilidades da metáfora construída aqui.
Quando observo o twitter, parto do pressuposto que aquele espaço, pode sim, ser definido como um “campo social” (conceito de Lewin) e nele busco ligações com as proposições de Lewin. Analiso como as pessoas se relacionam, formam sub-grupos, criam afetos e admiração, criam inimizades e geram discórdia, falam a verdade conforme sua própria percepção (e quem não o faz?), tem falhas de comunicação, muitas delas sem tempo para correção... Um infinito universo de convivência humana em 140 caracteres.
Onde nos levará tudo isso???
A uma melhor compreensão das pessoas, dos grupos – Esta é a parte espiritual da coisa.
Esta compreensão pode ajudar profissionais que trabalham com grupos a se tornarem mais aptos e competentes na condução de grupos – Esta é a parte material da coisa.
Continuo estudando e observando.... E claro, participando!

MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos: atualidades das descobertas de Kurt. Lewin. 2. ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1973

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