Os primeiros estudos estruturados
sobre a dinâmica dos grupos foram realizados por Kurt Lewin no período de 1945
a 1947, quando funda, a pedido do MIT (Massachussets
Institute of Technology), um centro de estudos sobre a dinâmica dos
grupos.
As premissas e
hipóteses levantadas por Kurt Lewin, nos estudos que encaminhou no MIT, são
extremamente valiosas e podem contribuir imensamente para a prática dos
profissionais que trabalham com grupos.
Já mencionei em
artigos anteriores aqui no Blog que oriento meu trabalho com grupos com base
nas proposições de Lewin. O trabalho de Lewin é apaixonante! Vale a pena
dedicar-se à leitura dos poucos textos que ele deixou escritos de próprio
punho. Pois é! Lewin escreveu pouco. Seus discípulos escreveram mais sobre suas
proposições. Leia estes também!
Mas, vamos ao
assunto que interessa! Não escrevo este Blog com nenhuma pretensão à verdade ou
mesmo com alguma responsabilidade acadêmica. Escrevo sobre as coisas que penso
que sei (Sócrates, essa benção!) e sobre as observações que faço nas interações
com os grupos que convivo.
“Para Lewin, os fenômenos de grupo não revelam as leis internas de sua
dinâmica senão aos pesquisadores dispostos a se engajar pessoalmente a fundo,
neste dinamismo (...)” (MAILHIOT: 1973)
Poderá se perguntar o que Lewin
pode ter de diferente dos outros pesquisadores da vida do homem em grupo.
Enquanto aqueles focaram seus estudos em conceber como se dava o processo de
socialização do ser humano, Lewin manteve seu interesse focado para as atitudes
coletivas. Ou seja, quais comportamentos, ou movimentos, se repetem nos
contextos de grupos. Que forças agem sobre o indivíduo quando este está
inserido nos grupos?
Uma movimentação recente de grupos
muito interessante, e que vale uma tentativa de aplicação da teoria de Lewin,
são as redes sociais. Limito-me aqui a falar apenas do twitter, neste momento,
porque foi o único segmento que me dispus a “engajar pessoalmente a fundo”.
Não são poucas às vezes que entro
na rede apenas para observar. Também, é muito interessante “seguir” um conjunto
de pessoas que “se seguem” (perdoem a redundância necessária) e observar como
se dá as relações neste contexto.
“Toda
dinâmica de grupo é a resultante de um conjunto de interações no interior de
uma espaço psico-social. Estas interações poderão ser tensões, conflitos, repulsas,
atrações, trocas, comunicação ou ainda pressões e coerções.” (MAILHIOT: 1973)
Qualquer semelhança com a Time
Line em seu Twitter não é mera coincidência. Pelo que venho observando nos
últimos tempos, as redes sociais, o twitter em especial, reproduzem, no mundo
virtual, o funcionamento dos grupos no mundo real.
A escolha de quem seguir, os
unfollows e blocks da vida, os afetos e desafetos demonstrados tão fortemente
nas “indiretas”, são possíveis comprovações que, mesmo no plano virtual, o
comportamento humano em grupo, carrega as mesmas movimentações que no plano
real.
A medida que lê este texto,
liberte sua mente para testar as hipóteses e ver as possibilidades da metáfora
construída aqui.
Quando observo o twitter, parto do
pressuposto que aquele espaço, pode sim, ser definido como um “campo social” (conceito
de Lewin) e nele busco ligações com as proposições de Lewin. Analiso como as
pessoas se relacionam, formam sub-grupos, criam afetos e admiração, criam
inimizades e geram discórdia, falam a verdade conforme sua própria percepção (e
quem não o faz?), tem falhas de comunicação, muitas delas sem tempo para
correção... Um infinito universo de convivência humana em 140 caracteres.
Onde nos levará tudo isso???
A uma melhor compreensão das
pessoas, dos grupos – Esta é a parte espiritual da coisa.
Esta compreensão pode ajudar
profissionais que trabalham com grupos a se tornarem mais aptos e competentes
na condução de grupos – Esta é a parte material da coisa.
Continuo estudando e
observando.... E claro, participando!
MAILHIOT,
G. B. Dinâmica e gênese dos grupos: atualidades das descobertas de Kurt.
Lewin. 2. ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1973
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