Por certo que já se
apaixonou muitas vezes... Algumas perdidamente e por um longo tempo, algumas
intensamente mas por pouco tempo.
Por certo que muitas dessas
paixões foram muito válidas e lhe acrescentaram muitos aprendizados sobre o que
quer ou o que não quer mais para você.
Mais certo ainda é que,
quando nos apaixonamos, ficamos mais belos, mais felizes, mais dispostos.
Fazemos declarações de amor, fazemos sacrifícios, fazemos tudo para vivermos
intensamente o que estamos sentindo...
Pois é... Somos capazes de
fazer tudo isso por outra pessoa. Muitas delas que acabamos de conhecer e que
ainda nem provaram que tem a mesma valoração moral que nós para conduzir uma
relação.
Ao que me leva a pergunta
que move este artigo: é capaz de tamanho empenho, dedicação, doação e paixão
por você mesmo?
Toda a força e intensidade
que é capaz de dedicar a alguém, consegue canalizá-la para cuidar de você?
Esse equilíbrio entre
doar-se aos outros e doar-se a si deveria ser buscado continuamente. Aquilo que
sou capaz de fazer pelo outro também devo ser capaz de fazer por mim... O
presente dado, o tempo dedicado, o afeto oferecido, o esforço despendido...
Todo ele deveria estar constantemente sendo exercitado em prol de quem é capaz
de dedicar aos outros.
Quando se é capaz de gostar
de si mesmo, fica-se mais forte quando a paixão não dá certo. Fica-se mais
capaz de suportar a dor de perder alguém que já não está mais vibrando na mesma
frequência que você.
É por isso que as pessoas
sofrem tanto por amor: porque não conseguem dedicar-se a cuidar de si do tanto
que dedicaram ao outro e acabam cobrando “a fatura” do que investiu.
Lamentavelmente, esse tipo
de investimento é a fundo perdido... Não há devolução. Mas poderá, neste
momento, aproveitar para perguntar-se: por que não consigo amar a mim mesmo do
tanto de amor que dediquei a outra pessoa?
Nossa forma de amar é
definida pela relação com nossos pais. Mais ou menos intensamente, mais ou
menos comprometidamente, mais ou menos dependente, nosso jeito de amar sempre
se prestará a suprir nossas necessidades afetivas. Quanto maiores as
necessidades, mais fazemos e mais esperamos do outro.
Além da necessidade de “curar”
possíveis carências afetivas que se apresentaram ao longo da vida, é necessário
investir no fortalecimento da auto estima. E para fortalecer a auto estima é
preciso investir em auto conhecimento, tornar-se consciente das possibilidades
e limitações, colocar-se em primeiro lugar (e sei que isso é difícil com a
cultura de “coitadismo” e pseudo humildade que temos).
Para lhe ajudar a entender,
colocar-se em primeiro lugar é parecido com aquele procedimento que o comissário
de bordo lhe orienta no avião: coloque a máscara primeiro em você... Sabe o
motivo disso? Porque, para salvar os outros, é preciso, primeiro, conseguir
salvar a si mesmo.
Boa vida!